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Para Confúcio Moura, o Brasil tem uma dívida impagável com os brasileiros que não aprenderam a ler

Segundo o parlamentar, quem morreu sem saber ler foi privado da luz e de um direito humanitário que o manteve no mundo subterrâneo

16/11/2023 às 08h50
Por: Redação Fonte: da assessoria
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Foto: Divulgação
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Em pronunciamento na Tribuna do Senado Federal na tarde dessa terça-feira, 14, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) afirmou que a Nação tem uma dívida que não se pagará com aqueles brasileiros e brasileiras que morreram sem saber ler e escrever – e mesmo para aqueles  que ainda vivem hoje na escuridão do analfabetismo. O seu discurso foi uma referência à data em que se comemora o Dia Nacional de Alfabetização.

Para o senador, o analfabetismo no Brasil é um desafio permanente e parece enfrentar até os gestores mais comprometidos em exterminá-lo. “Apesar de avanços nas últimas décadas, ainda há uma parcela significativa da nossa população que não possui habilidades básicas de leitura e escrita. Isso afeta o acesso a oportunidades educacionais e econômicas, contribuindo para a desigualdade social”. Alerta o parlamentar.

O analfabetismo é uma preocupação que remonta ao período anterior à abolição da escravatura e à implantação da República no Brasil. A falta de educação e as altas taxas de analfabetismo são considerados fatores que contribuíam para o atraso tecnológico e alimenta o subdesenvolvimento do nosso país. Apesar dos esforços, ao final do século XIX, o Brasil ainda era uma nação predominantemente rural e agrária, com uma população em grande parte analfabeta.

Essa situação era vista como um obstáculo para o progresso, a participação cívica e o desenvolvimento econômico. A proclamação da República, em 1889, trouxe consigo a promessa de reformas e modernização, incluindo os esforços para expandir a educação e reduzir o analfabetismo.

Para Confúcio Moura, mesmo que a Constituição democrática de 1946, considerada pelos historiadores um documento que expressou os valores do liberalismo presentes na política brasileira, exigisse uma lei de diretrizes e bases para o ensino primário obrigatório e garantisse os princípios democráticos, ainda manteve alguns aspectos conservadores, como a proibição do voto dos analfabetos. “É lamentável ver que, apesar das metas e dos esforços previstos na Constituição de 1988 para erradicar o analfabetismo e melhorar a educação no Brasil, ainda existem desafios significativos”, lamenta o senador.

Segundo Confúcio Moura, se a Constituição de 1946 tivesse sido cumprida, todas as crianças de sete anos em diante tinham sido alfabetizadas e atualmente todos os cidadãos e cidadãs com até 85 anos de idade saberiam ler, escrever e contar. “Infelizmente, isso não ocorreu. Ainda temos 9,5 milhões de analfabetos absolutos e 50 milhões de analfabetos funcionais, categoria em que se classificam os que não concluíram o ensino fundamental e os que não fazem o uso corrente da leitura e da escrita. É triste e muito preocupante constatar a queda das matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a persistência do analfabetismo entre crianças de oito anos”, informou o senador.

Nos tempos atuais, em que a tecnologia das coisas está em todos os lugares, o senador lançou um desafio que, se bem entendido, pode contribuir com a erradicação do analfabetismo no Brasil “Trago para o nosso debate a possibilidade de utilização de dispositivos móveis, como celulares, para promover também a alfabetização. Essa ideia me parece interessante, criativa e com muito potencial. Muitas crianças e adultos têm acesso aos smartfones, e esses dispositivos podem ser ferramentas valiosas também para a alfabetização, desde que bem utilizados. Também poderiam ser desenvolvidas estratégias pedagógicas e aplicativos educacionais para transformar smartfones em máquinas de alfabetização”, propôs Confúcio Moura.

Embora reconheça a complexidade na implementação da ideia, Confúcio Moura acredita que a massificação e a capilaridade desta tecnologia compensa o esforço. “Além disso, o treinamento de educadores e a vontade política são essenciais para implementar com sucesso tais inovações e erradicar o analfabetismo de forma eficaz. A integração de tecnologia na alfabetização deve ser cuidadosamente planejada e implementada em conjunto com as abordagens tradicionais do professor alfabetizador”, sugeriu o senador.

Ao finalizar, e apropriadamente, Confúcio Moura fez menção ao seu Professor Osvaldo Rodrigues Póvoa, do Estado de Tocantins, da cidade de Dianópolis, falecido ao longo da semana. “Ele foi meu professor de Matemática e de Inglês, nos anos 60. É um intelectual renomado, com publicações de muitos livros. É um benfeitor do Brasil profundo, do Brasil atrasado. Todos saímos dessa cidadezinha pequena, do interior de Tocantins, graças ao esforço extraordinário de freiras, de padres, do Professor Osvaldo e de muitos outros professores. Que a família sinta-se cumprimentada por mim, seu aluno, que jamais o esquecerá”, concluiu o parlamentar.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

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