Porto Velho, RO – Porto Velho, capital de Rondônia, ostenta tristemente o título de cidade com a pior qualidade do ar do Brasil em 2024. A fumaça densa das queimadas que devastam a Amazônia e o Pantanal já não é uma visão passageira; tornou-se parte do cotidiano de seus moradores, que respiram, dia após dia, um ar impregnado de poluentes.
Essa situação, porém, parece invisível aos olhos daqueles que deveriam agir para proteger a população: a classe política local.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a poluição gerada pelos incêndios florestais em um único ano equivale a cinco anos de emissões da cidade de São Paulo.
É uma comparação que deveria alarmar a todos.
A maior metrópole do Brasil, com sua imensa frota de veículos e atividades industriais, já é reconhecida por seu ar saturado de poluentes. Mas Porto Velho, uma cidade bem menor e cercada por áreas naturais de imensa importância, enfrenta agora uma realidade ainda mais cruel.
Concentrar essa poluição monstruosa em apenas 12 meses é devastador, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública.
Estudos publicados na Nature Communications alertam que a fumaça das queimadas não respeita fronteiras.
Ela se espalha por longas distâncias, afetando regiões que, à primeira vista, poderiam parecer distantes do epicentro do problema. As partículas finas presentes na fumaça, as PM2.5, são inimigos silenciosos, responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias, cardiovasculares e até pela mortalidade precoce.
Entretanto, apesar de todos esses sinais de alerta, o debate sobre a qualidade do ar e a preservação ambiental permanece ausente das pautas políticas em Rondônia.
Em um ano eleitoral, onde representantes municipais e candidatos à prefeitura de Porto Velho disputam votos, é decepcionante constatar que a saúde da população e a preservação da Amazônia não parecem ser prioridades.
A população de Porto Velho padece, sufocada, enquanto seus representantes aparentam estar mais preocupados com a manutenção de seus cargos do que com a vida daqueles que deveriam proteger. São oito deputados federais, três senadores, 24 deputados estaduais, o governador e o prefeito de Porto Velho que têm o dever de levantar essas questões.
Mas, ao invés disso, o silêncio é ensurdecedor.
A crise ambiental e de saúde pública que aflige Porto Velho deveria ser tema central nas discussões políticas. Afinal, o que está em jogo é a vida de milhares de pessoas que, dia após dia, enfrentam uma ameaça invisível e mortal: o ar que respiram. É imperativo que a sociedade exija uma postura mais responsável de seus representantes, antes que seja tarde demais.
Os políticos de Rondônia têm a obrigação de agir, e os eleitores, o direito de exigir que isso aconteça. Aliás, deveria ser o tema central dos debates entre os sete postulantes à Prefeitura da Capital: Mariana Carvalho, do União Brasil; Léo Moraes, do Podemos; Benedito Alves, do Solidariedade; Samuel Costa, da Rede; Euma Tourinho, do MDB; Ricardo Frota, do NOVO; e Célio Lopes, do PDT.
As chamas que consomem a Amazônia não podem continuar a queimar silenciosamente a saúde da população, enquanto aqueles que deveriam lutar por ela permanecem em um silêncio cúmplice.
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